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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Antes de Goioerê



Esse ano o município de Goioerê completou 60 anos, mais precisamente, na última segunda-feira. São 60 anos de muitas histórias que marcaram a colonização do município, um lugar repleto de pessoas importantes que ajudaram a construir a história dessa cidade, mas passados 60 anos, talvez poucas pessoas possam contar isso desde o começo.

Não sei informar ao certo se existem outras pessoas que chegaram aqui em 1951 e ainda estão vivas para contar essa história. Meu pai, personagem principal dessa história, não soube me informar sobre isso. O que ele disse, foi que, tem muitas histórias sobre colonização do Vale do Piquiri, sim, Vale do Piquiri, como era conhecido à região entre Campo Mourão e Cascavel, que hoje se encontra Goioerê, Rancho Alegre D’Oeste, Quarto Centenário e Jaracatiá, este último, mais antigo que o próprio Goioerê, segundo ele.

 Em 1945, Antônio Landim da Cruz com 20 anos, saiu de Aurora, no sul do Ceará, para a capital paulista onde serviu o exercito, depois, rumou para Presidente Prudente onde tinha uma irmã e ficou naquela região até 1951.

Quando estava disposto conhecer novas terras, regiões que ainda estavam sendo desbravadas, Antônio Cearense, como já era conhecido, decidiu ir para o Paraná em busca de fazer a vida.

Veio direto para Campo Mourão e depois de uma semana conhecendo a região, decidiu então ir para o Vale do Piquiri. Contratado por fazendeiros da capital do estado, ele chegou o que é hoje Goioerê, e juntamente com um agrimensor, tiveram a missão de fazer a divisão das glebas 14 e 15.

Seu Antônio Cearense disse que não havia nada, apenas uma estrada dividindo duas fazendas, a fazenda Cruzeiro e a Scarpari, essa estrada estaria hoje, onde se encontra a Avenida 19 de agosto.

As histórias desse pioneiro que é um dos mais antigos de Goioerê serão contadas em dezembro na versão em revista do Jornal Paraná Notícias. Histórias como a primeira eleição realizada em 1956 e as que seguiram também. As derrubadas da mata virgem, as primeiras plantações, o ciclo da hortelã, do café e do algodão.

E também a tristeza em ter que enterrar a primeira pessoa no cemitério que ainda estava em fase de conclusão. “Queriam enterrar meu amigo em qualquer lugar, eu disse que ele não era qualquer um, ele foi meu primeiro amigo, a pessoa que me ajudou quando cheguei aqui”, disse seu Antônio, referindo-se a “José Hominho Paraguai”, um exímio agrimensor, natural do país vizinho, que, juntamente com ele, dividiram as primeiras fazendas da região e que infelizmente, morreu em um tiroteio, coisa comum naquele tempo. “Zé Hominho” foi enterrado no cemitério municipal, mesmo contra a vontade de alguns.

Seu Antônio fala também sobre ter que ir até Campo Mourão em um carroção de rodas de ferro. “Um dia para ir, outro para fazer compras e outro para voltar, mas isso somente quando o rio estava baixo, porque ainda não haviam pontes”, relata ele.

Cearense também explica que, como toda colonização, foram inevitáveis os confrontos contra aqueles que queriam a terra a qualquer custo. “Sofri algumas emboscadas, tudo isso, na luta pela terra, mas eu precisava defender o direito de quem tinha a escritura”, referindo-se aos seus patrões da capital do estado e também do norte pioneiro.

“Não foi fácil, mas eu nunca recuei e a colonização seguiu, porque era assim que tinha que ser”, diz emocionado.

Essas e outras histórias serão relatadas em dezembro no Paraná Notícias em revista, especial Goioerê 60 anos – Histórias de um pioneiro.
(Por Ed Claudio Machado Cruz)


Em 2008, Antônio Landim da Cruz e sua esposa Rosa Machado da Cruz (in memoriam) juntamente com outros pioneiros, receberam uma justa homenagem da Prefeitura e da Câmara Municipal de Rancho Alegre D’Oeste
 

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